Apontamentos, ensaios, reflexões e flexões sobre náutica de recreio e outros hidro-assuntos.

quarta-feira, março 29, 2006

Wooloomooloo e a Columbófilia



Escorria o dia 18 de Junho de 2005, quando decidimos ir buscar o Wooloomooloo a Leça da Palmeira, já na ressaca da vinda da Galiza. Chegámos na noite de sexta-feira com o intuito de efectuarmos a viagem para sul durante a noite. Havia gelo a bordo, uma garrafinha de Bombay-Safire, água tónica e limão. Tudo pensado para largar por volta das 2 da manhã, depois de um copo bebido por Leça, repor as baterias na embarcação, preparar toda a palamenta e despachar as formalidades informais. Acontece que a força do mar a bater no molhe norte de Leixões debitava decibéis a mais para o nosso gosto, e como havia nevoeiro na atmosfera e também não queríamos passar a heróis, decidi com o meu grumete de ocasião Vítor Tavares, ferrar o galho e arrancar de manhã pela fresquinha. O nevoeiro adensou e a viagem começou por volta das 9 da manhã. A visibilidade em Leixões era má para os cornudos, pois não se via a ponta de um, no entanto, como somos rapazes sem armação nem lentes, avançámos rumo a sul.
Tal como o milagre de Fátima, defronte a Espinho, a surpresa veio do céu em forma de pomba. Não poisou na oliveira (símbolos de paz), mas no mastro do Wooloomooloo, provocando danos no anemómetro, giroette e antena de VHF. Depois vieram os amigos, a quem demos boleia até à meia-laranja na Praia da Barra.
Sempre tive a fantasia de navegar com pombinhas mansas a bordo (ou eventualmente borrachos), em convívio aberto e descarado, mas sem provocar estragos. Morreu a fantasia nessa manhã e a vontade era mandar um “very-ligth” aos bravos do pombal, mas nem eu nem o Vítor somos membros dos No Names Boys.
Tratou-se do dia mais negro da Columbofilia, com dezenas de aves mortas no Atlântico e nas marinhas que rondam Montemor – Figueira da Foz, resultante da combinação de alteração súbita de pressão atmosférica na ordem dos 1.000 pés, incêndios florestais e nevoeiro denso. Informaram-nos que morreram pombos “campeões europeus de meio-fundo e velocidade”, que coitados não viveram o suficiente para ser atempadamente condecorados pelo Presidente Sampaio.


Na foto a nossa entrada triunfal na companhia de tanta “pombinha mansa”.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Olá Pardal!
Posto aqui, já que como sabes é o post que mais me interessa "gelo a bordo"
Felicidades para o blog
Luis H. Pinho

29 março, 2006

 

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