Apontamentos, ensaios, reflexões e flexões sobre náutica de recreio e outros hidro-assuntos.

sexta-feira, março 31, 2006

Vela adaptada


O que faz andar o barco não é a vela enfunada, mas o vento que não se vê" (Platão)

Já lá vão 3 anos, tive o prazer de participar numa regata a convite do Construtor Arquitecto Velejador Cozinheiro Desenrasca Comodoro Delmar Conde na Taça Orey em Leixões, onde apreciei os primeiros passos da Vela adaptada em Portugal. Fiquei fascinado com aquele tipo de engenho à vela e com o contentamento e felicidade dos velejadores.Recentemente numa navegação pela net, amarrei num destes site de vela adaptada e lembrei-me de elaborar um post.
Os barcos pertencem à classe denomindada "Access Dinghies" que contém diversas características originais de concepção:
1. O sistema enrolador da vela no mastro, que substitui os rizos, ajustando-a a várias condições sem necessidade do velejador sair do lugar.
2. O patilhão central lastrado. O que torna os Access quase impossíveis de virar.
3. O casco côncavo que promove mais estabilidade.
4. A posição do velejador: sentado, frontalmente, no fundo do barco em vez da posição lateral de forma a ganhar estabilidade.
5. A servo-assistência por joystick que opera electricamente permite que a vela seja para todos. De facto, o joystick pode ser controlado com a mão, o pé, o queixo ou qualquer parte móvel do corpo. Pode-se afirmar que se trata de uma revolução no mundo da vela, uma vez que até deficientes profundos podem participar em actividades lado-a-lado com pessoas não-deficientes.

Fica aqui uma foto de uma embarcação adaptada com comando (leme) de sopro. O melhor é visitar o site da Associação Portuguesa de Vela Adaptada http://web.educom.pt/vela-adaptada/

Small World

A nacionalidade de alguns navegadores é assunto muitas vezes posto em causa. Colombo é apontado por alguns historiadores como Italiano, Espanhol ou até Português, visto os seus pais falarem o nosso idioma e o rapaz de nome Cristóvão ter “acampado” algum tempo em Porto Santo e ter até casado com um Portuguesa. José Mattoso (com 2 tês), Hermano Saraiva ou Fernando Rosas já lidaram com este problema algumas vezes, em “nacionalizarem” alguns intervenientes da História (com H grande). Neste blog não é tarefa primeira identificar ou catalogar velejadores e/ou navegantes pela sua nacionalidade ou timbre do passaporte, pese embora a nacionalidade por vezes justifique determinados comportamentos, quer sejam excêntricos quer sejam mais ou menos formais e gentis. Em Baiona, em Junho do ano transacto, descobrimos estes velejadores em barcos menores, que não deixaram qualquer pista sobre a sua origem, excepção feita à sua tez. Pensou-se inicialmente na etnia cigana, pois pareciam comer e beber como se estivessem num casamento daquela etnia, mas os burros que traziam não puxavam aquela carroça, nem tampouco escutámos Gipsy Kings. Aquelas paragens galegas até não são muito cosmopolitas, deixando adivinhar que aquela espécie de gente é daquela região do globo.
Enfim, envergonham qualquer marina…

quinta-feira, março 30, 2006

Nova Regata à Volta ao Mundo

A Global Ocean Sailing Ventures (GOSV) acaba de anunciar a criação da Global Ocean Challenge em 2007/08, a primeira regata volta ao mundo, com escalas, corrida em solitário ou em dupla. O evento, aberto a barcos de 40 e 50 pés, começará de um porto europeu em Setembro de 2007 e circunavegará o globo parando na Africa do Sul (Nova Zelândia), América do Sul (Brasil ou Argentina) e Estados Unidos antes de terminar na Europa em Maio de 2008.
Pela primeira vez velejadores solitários e em duplas irão competir juntos numa regata volta ao mundo. “Nossa intenção principal com este novo evento é fazer uma regata volta ao mundo que seja acessível para um número maior de competidores”. Disse o co-fundador e Director da regata, Josh Hall. "É praticamente impossível para a maioria dos velejadores amadores participar em uma regata ao redor do mundo sem pagar uma fortuna ou estar imensamente qualificado. A divisão em dupla para a GOC põe ao alcance de um número maior de velejadores o sonho de participar de uma regata volta ao mundo”.
“O percurso terá portões de pontuação que assegurarão que a frota permaneça unida e também restrinja os iates de velejar muito ao sul no Oceano Austral. Enquanto nossa intenção é abrir a regata a tantas pessoas quanto nos seja possível, nós estaremos fazendo tudo para assegurar a segurança dos competidores. Na realidade um das coisas que diferenciará nossa regata das outras é que nós seremos muito competitivos na direcção. Nós reconhecemos que sem competidores nós não temos um evento”.
Com a regata parando em cinco países e durando nove meses o evento pretende devolver a atmosfera familiar que foi o "carimbo oficial" das corridas ao redor do globo no passado.

Se estiver interessado visite www.globaloceanchallenge.com.
Em formato .pdf está o regulamento em Português.

quarta-feira, março 29, 2006

Wooloomooloo e a Columbófilia



Escorria o dia 18 de Junho de 2005, quando decidimos ir buscar o Wooloomooloo a Leça da Palmeira, já na ressaca da vinda da Galiza. Chegámos na noite de sexta-feira com o intuito de efectuarmos a viagem para sul durante a noite. Havia gelo a bordo, uma garrafinha de Bombay-Safire, água tónica e limão. Tudo pensado para largar por volta das 2 da manhã, depois de um copo bebido por Leça, repor as baterias na embarcação, preparar toda a palamenta e despachar as formalidades informais. Acontece que a força do mar a bater no molhe norte de Leixões debitava decibéis a mais para o nosso gosto, e como havia nevoeiro na atmosfera e também não queríamos passar a heróis, decidi com o meu grumete de ocasião Vítor Tavares, ferrar o galho e arrancar de manhã pela fresquinha. O nevoeiro adensou e a viagem começou por volta das 9 da manhã. A visibilidade em Leixões era má para os cornudos, pois não se via a ponta de um, no entanto, como somos rapazes sem armação nem lentes, avançámos rumo a sul.
Tal como o milagre de Fátima, defronte a Espinho, a surpresa veio do céu em forma de pomba. Não poisou na oliveira (símbolos de paz), mas no mastro do Wooloomooloo, provocando danos no anemómetro, giroette e antena de VHF. Depois vieram os amigos, a quem demos boleia até à meia-laranja na Praia da Barra.
Sempre tive a fantasia de navegar com pombinhas mansas a bordo (ou eventualmente borrachos), em convívio aberto e descarado, mas sem provocar estragos. Morreu a fantasia nessa manhã e a vontade era mandar um “very-ligth” aos bravos do pombal, mas nem eu nem o Vítor somos membros dos No Names Boys.
Tratou-se do dia mais negro da Columbofilia, com dezenas de aves mortas no Atlântico e nas marinhas que rondam Montemor – Figueira da Foz, resultante da combinação de alteração súbita de pressão atmosférica na ordem dos 1.000 pés, incêndios florestais e nevoeiro denso. Informaram-nos que morreram pombos “campeões europeus de meio-fundo e velocidade”, que coitados não viveram o suficiente para ser atempadamente condecorados pelo Presidente Sampaio.


Na foto a nossa entrada triunfal na companhia de tanta “pombinha mansa”.

terça-feira, março 28, 2006

WD 40



O WD40 é um produto à beira de completar 53 anos desde o seu aparecimento. Para qualquer amante de náutica, a latinha azul-amarela do DW40 assume-se como acessório de relevo dentro da embarcação, e quase sempre tem um lugar fixo em determinado local, pois são inúmeras as vezes que a utilizamos. No Wooloomooloo há 2 latinhas, a mais pequenina que está sob o VHF (sempre à mão) e a maiorzita no porão junto à mala das ferramentas. Criado na década de 50 na cidade de San Diego (Califórnia) exclusivamente para utilização na indústria aeroespacial como protector dos foguetões da série ATLAS fabricados pela NASA. Rapidamente passou a ser o multiusos nº1 a nível mundial com mais de 2.000 usos referenciados. Descolar uma pastilha elástica da roupa ou retirar restos de alcatrão de uma superfície são exemplos da sua finalidade, para os mais de 40.000.000 de utilizadores deste produto. Agora até disponível em caneta de bolso.

sexta-feira, março 24, 2006

Saudades de San Jacinto by night

A saudade já começa a apertar a bombordo. Temos saudades duma velejada bucólica pela Ria, de almoçar em São Jacinto ou na ANGE e fundamentalmente duma pescaria de meia dúzia de carapaus sob o luar de São Jacinto e ao som do gerador.
É o que se chama de "Quadro Completo": Um barco amigo, um Gin tónico, duas polegadas de conversa da treta, umas cigarradas ... enfim tudo embrulhado num luar a puxar ao primaveril, com os garotos entretidos num DVD pela enésima vez visto.
Ai não que não tenho...
Só que o São Pedro tem pregado partidas,outras vezes não calha ou ainda pelo facto de sermos um país importador, que se dá ao luxo (em tempo de crise) de importar fins-de-semana completos de frio vindo da Dinamarca ou da Suécia. A Comunidade Europeia tem desta coisas, e temos de levar com elas.
Mas o WOOLOOMOOLOO vai-se vingar e irá ao encontro de outros vingadores, que assentam arraiais ao sábado por aquelas paragens.

Ensaio sobre o enjoo.



O enjoo de movimento é uma sensação desagradável que acontece enquanto se encontra no interior de algo em movimento, tal como um carro, um carrossel ou um barco (à vela ou a motor, não interessa). O enjoo do movimento não costuma ser duradouro e desaparece sem qualquer tipo de tratamento sempre que o movimento pára.

Esta baleia também sofreu o chamado enjoo de movimento. A lógica da bivalência é válida. Se o homem enjoa no mar, os marinhos enjoam em terra.

A prova provada está nesta baleia, que para os lados do Império do Sol Nascente, "esgomitou" na via pública. A GNR tomou conta da ocorrência.

quinta-feira, março 23, 2006

Sir Peter Blake


Peter Blake foi um competidor, um campeão, um explorador, um apaixonado pela Amazônia e um real defensor das águas do planeta. Assim se pode resumir a vida desse neozelandez nascido a 1 Out 1948, navegador de sete mares, condecorado três vezes pela rainha da Inglaterra. Mas, neste final de 2001, ano de tantas violências, mais uma vez a estupidez e a intolerância não deram chances ao trabalho fantástico em nome da paz desse ambientalista, fazendo calar sua voz em terras, ou melhor, em águas brasileiras.

Figura central da Blakexpedition, empresa de pesquisa e exploração de rios e mares, Sir Peter Blake, com sua arte e seu arrojo de velejador, mostrou ao mundo a perigosa realidade da poluição das águas, uma violência que o homem pratica contra a natureza e contra si próprio. E foi estudando e pesquisando esta triste realidade que Blake encontrou a morte, sendo assassinado na noite de 5 de dezembro, a bordo de seu veleiro Seamaster, no rio Amazonas, a 15 km de Macapá.

Peter Blake viveu seus 53 anos para as competições, para as aventuras e para defender a natureza.

sábado, março 18, 2006

3.400 Kms em apenas 4 dias



Andar (literalmente) com a casa às costas.
Aconteceu ao BRASIL1, barco da Volvo Ocean Race por quem nos apaixonámos na nossa ida à Galiza (5 Nov 2005), que durante a perna 2 da regata partiu o mastro e teve de amarrar em Fremantle na KangurooLand. Depois foi uma correria louca, atravessando a Austrália de Oeste para Este, ainda a tempo de participar na PortRace de Melbourne. A imagem é espectacular, fazendo antever como é que aquele reboque especial circularia nos dias seguintes nas ruas do centro de Melbourne !!!
A visita ao sitio da Volvo Ocean Race é obrigatória devendo todos os "net-nauticos" descarregar o VIRTUAL SPECTATOR e acompanhar o evento (quase) on-line.

Abaixo fica a indicação do site do Team BRASIL1, onde o Diário de Bordo é esclarecedor da atmosfera vivida numa competição desta grandeza.


www.brasil1.com.br

Rias Bajas - Para repetir



Com imensa pena não acompanharemos os marújos da AVELA na saga anual a Peniche. Pese embora o peso gastronómico do projecto PENICHE 2006 e da sã camaradagem que caracterizam as concentrações vélicas organizadas pela agremiação citada, os DC's e outras barcaças pequenas irão rumar às Rias Bajas.
Este ano tentaremos penetrar em Pontevedra (cidade)e encontrar um bom bar onde se possa fazer uma amarração em total segurança, concentrados em cañas e na télé a apreciar as últimas do Alemanha 2006.
Apesar da performance em terra ter sido muito boa em 2005 a foto demonstra a performance na água em plena Ria de Vigo.

quinta-feira, março 16, 2006

Info Meteo Aveiro - Peniche

Com a devida vénia indicamos um site que merece o aplauso de qualquer marinheiro que se preze. Foi edificado para os aviões, mas serve também para a água. Está colocado junto à Serra da Boa Viagem e dá on-line a informação básica sobre as condições metereológicas da zona. Falta apenas as notas da ondulação, mas não se pode ter tudo na vida.
Aqui fica o endereço:
http://www.geocities.com/rfslourenco/meteo_acff.html

Gil Eannes ** Navio Hospital


No passado fim-de-semana a tripulação do WOOLOOMOOLOO encetou uma visita ao "Navio Hospital" Gil Eannes, em exposição permanente em Viana do Castelo. Muito tempo decorreu desde a data da promessa até à visita, ficando agora na bagagem o gosto de "missão cumprida". É visita agradável e barata (1,50€) que todos os tripulantes gostaram. Da parte da tarde ainda deu para fotografar a Foz do Neiva e levar com a brisa da maresia na face. Um dia de domingo muito, muito. . . solarengo e merendeiro.

Portugal no seu melhor


Como a imaginação não tem limites e na náutica a capacidade de improviso é factor a ter em conta, aqui fica um bom exemplo de como uma "peça de roupa" pode durar uma eternidade.
Poder-se-à fazer o mesmo a uma vela de balão, caso a embarcação cresça.

Once upon a time in East Algarve


Com o Astro-rei a debitar bué de calorias sobre a camada de ozono e sobre o nosso couro cabeludo, nada melhor que encontrar em pleno leito do rio, o homem e o seu melhor amigo. Perfeita harmonia num silêncio rasgado pelo "tum-tum" do motor. Já em Alcoutim ao lusco-fusco foi a vez do fiel amigo ser esquartejado e triturado pela mandibula num restaurante "à la carte".

A repetir ...