O coro dos que exigem a construção de um Porto de Recreio, em Aveiro, vai crescendo, noticia o Diário de Aveiro.«A Associação de Vela de Cruzeiro de Aveiro surge no pelotão da frente dos que «lutam» para que essa infra-estrutura seja uma realidade. Paulo Reis, presidente da direcção da AVELA, dá voz a esse desejo: «queremos que seja construído um Porto de Recreio para parquear as embarcações em condições dignas e com segurança».De momento, a cidade de Aveiro apenas dispõe, «para recebermos, ao longo do ano, imensas embarcações nacionais e estrangeiras», um pontão flutuante de 300 metros. «Mas isso não serve porque simplesmente está esgotado e não podemos crescer mais. Há pouco tempo, conseguimos ampliar em mais 100 metros o pontão», revela Paulo Reis, que reclama: «a ampliação foi feita à custa dos sócios da AVELA, que pagaram os 60 mil euros da obra».O Porto de Recreio, na sua opinião, seria um projecto «que teria toda a viabilidade». E já existiram movimentos para o desejado Porto de Recreio, inclusive «chegámos a apresentar projectos à Associação do Porto de Aveiro, à Câmara Municipal de Aveiro e participámos activamente nas sessões públicas do programa Polis». Mesmo assim a obra não teve o seu início. Segundo Paulo Reis, a justificação para o facto prende-se «com a falta de coragem política e sensibilidade desportiva dos nossos governantes».A amargura de Paulo Reis sente-se quando refere que «a Ria está pantanosa e a morrer. As marinhas de sal estão abandonadas e os habituais canais de navegação quase não se distinguem nas marés-cheias». As soluções apresentadas pelo presidente da AVELA passam «em primeiro lugar para a necessidade de haver um plano director que desse uma orientação clara aos municípios da Ria de Aveiro e aos clubes de náutica. Em segundo lugar, tem que existir uma definição sobre quem gere juridicamente a Ria para ajudar a facilitar projectos».Uma certeza tem Paulo Reis: «esta Ria não serve porque, actualmente, dá uma má imagem a Aveiro. As pessoas que tomam decisões têm de perceber que Aveiro é capital de distrito e é a única do litoral português que não tem um Porto de Recreio. Isto é uma realidade triste». Mas a gravidade da situação chega ao ponto de «na informação de roteiro da costa portuguesa, quando se refere à Ria de Aveiro, avisa-se os navegantes para o perigo que é cá entrar e chega-se ao ponto de se pedir por favor para não entrarem na Ria de Aveiro. Os que cá entram, fazem-no num espírito de aventura».Confiança ou… Mesmo assim, Paulo Reis mostra-se confiante em relação ao futuro: «O projecto que apresentámos, durante a discussão do Programa Polis, não foi dado válido, mas continua a ser um projecto com sentido e estamos abertos a que possa ser reformulado em função da alteração que vai existir no Plano Director Municipal para a zona da antiga Lota. Já falámos com o actual presidente da Câmara, Élio Maia, que ficou a conhecer a realidade e prometeu empenhar-se em conjunto com a AVELA».«A construção de um Porto de Recreio não é um problema da AVELA, mas da própria cidade de Aveiro. A nossa opinião é que a Câmara de Aveiro assuma, neste processo, um papel de promotora e moderadora do projecto. Porque a grande questão reside no licenciamento», diz Paulo Reis. Enquanto isso, «Aveiro vai continuar de fora dos grandes eventos, como o Rally de Portugal, que este ano saiu de Inglaterra, passou por França, Espanha, Póvoa do Varzim, Figueira-da-Foz, Lisboa, tendo terminado em Lagos. Ficámos de fora, também, da Volta a Portugal em Vela e do Eixo Atlântico».…
Para a AVELA chegou a hora de dizer basta. «Dizer que Aveiro é uma cidade de água e não só de construções de cimento, onde se edificam elefantes brancos como o Estádio Municipal que é um ónus de despesa». Paulo Reis assume que a «Ria traz retorno financeiro à autarquia. Temos cerca de seis mil embarcações registadas, que pagam o respectivo imposto à Câmara de Aveiro. Muitos dos nossos sócios foram obrigados a colocar as suas embarcações na Póvoa do Varzim e na Figueira-da-Foz, a preços exorbitantes, porque Aveiro não tem o seu Porto de Recreio», lamenta o dirigente.«Assim é impossível o desenvolvimento dos clubes», refere Paulo Reis, para quem «seria bom que os responsáveis percebessem que está aqui, na vela, uma mais-valia para os próximos anos. Veja-se o exemplo do Algarve, que se desenvolveu com o turismo, com os Portos de Recreio. Aqui, deixa-se que a Ria morra devagarinho».E a paciência dos amantes da Vela revela-se pelas últimas palavras de Paulo Reis: «Atingimos o limite e, ou deixamos as palavras e passamos ao trabalho, ou então admitimos sair do concelho de Aveiro. A AVELA compreende que a Câmara de Aveiro não tenha dinheiro, mas ao menos deve permitir que os clubes possam investir em parcerias». (Diário de Aveiro)