Apontamentos, ensaios, reflexões e flexões sobre náutica de recreio e outros hidro-assuntos.

segunda-feira, julho 17, 2006

Proletários de todos os países - uni-vos


É aquilo que transparece da foto, disparada no Caffé Pompeia em Mourisca do Vouga, depois da noitada da colagem do novo logotipo no WOOLOOMOOLOO. Naquela prestigiada instituição hoteleira, juntaram-se à mesa os obreiros (os que obram) da coisa. Saboreámos a bela torrada à moda da Sofia e o Galão à Napoleão, as verdadeiras especialidades da casa merecedoras de classificações interessantes nas principais revistas de restauração europeia. Depois de um trabalho árduo e nocturno, nada melhor que uma "bucha" para selar o evento. A rapaziada no entanto não esteve com "meias medidas" e depressa um rol de raclamações foi disparado. Melhores condições de trabalho, melhores repastos, mais animação em "varão inox de 40mm" etc. etc.
Falou-se até na criação de um sindicato eventualmente afecto à CGTP-IN, que chamar-se-ía - pasme-se - SICASNEIRA - Sindicato dos Coladores de Autocolantes e Símbolos Nauticos em Embarcações Impecáveis da Ria de Aveiro. Tou-me a ver a lidar com comissões de trabalhadores, com exigências e com articulados vindos da revolução Abril. Qualquer dia algum destes homens até engravidaria só para não colar vinil no casco e ir comer à mesa.
Negativo.
No futuro recorrerei, sem pestanejar aos serviços "on demand" de uma multinacional cotada em bolsa. E ponto final.

New look

Manifestamente já era altura de lavar a cara à nossa embarcação. Foi relativamente dificil escolher o logotipo e o decidir o que colar no casco da mesma. É como escolher uma prenda para dar alguém, ou pior ainda, é ter de a fazer primeiro para depois oferecer a dita cuja. Mas, já está... Optou-se por um design arrojado, ou pelo menos pouco comum, num logotipo que certamente dirá muito ao barco, e pouco (ou quase nada) ao pacato cidadão. Esperam-se comentários de todo o tipo. Há quem manifeste saudades do tubarão de proa.

quinta-feira, julho 13, 2006

Aveiro - Terra do Nunca

O coro dos que exigem a construção de um Porto de Recreio, em Aveiro, vai crescendo, noticia o Diário de Aveiro.«A Associação de Vela de Cruzeiro de Aveiro surge no pelotão da frente dos que «lutam» para que essa infra-estrutura seja uma realidade. Paulo Reis, presidente da direcção da AVELA, dá voz a esse desejo: «queremos que seja construído um Porto de Recreio para parquear as embarcações em condições dignas e com segurança».De momento, a cidade de Aveiro apenas dispõe, «para recebermos, ao longo do ano, imensas embarcações nacionais e estrangeiras», um pontão flutuante de 300 metros. «Mas isso não serve porque simplesmente está esgotado e não podemos crescer mais. Há pouco tempo, conseguimos ampliar em mais 100 metros o pontão», revela Paulo Reis, que reclama: «a ampliação foi feita à custa dos sócios da AVELA, que pagaram os 60 mil euros da obra».O Porto de Recreio, na sua opinião, seria um projecto «que teria toda a viabilidade». E já existiram movimentos para o desejado Porto de Recreio, inclusive «chegámos a apresentar projectos à Associação do Porto de Aveiro, à Câmara Municipal de Aveiro e participámos activamente nas sessões públicas do programa Polis». Mesmo assim a obra não teve o seu início. Segundo Paulo Reis, a justificação para o facto prende-se «com a falta de coragem política e sensibilidade desportiva dos nossos governantes».A amargura de Paulo Reis sente-se quando refere que «a Ria está pantanosa e a morrer. As marinhas de sal estão abandonadas e os habituais canais de navegação quase não se distinguem nas marés-cheias». As soluções apresentadas pelo presidente da AVELA passam «em primeiro lugar para a necessidade de haver um plano director que desse uma orientação clara aos municípios da Ria de Aveiro e aos clubes de náutica. Em segundo lugar, tem que existir uma definição sobre quem gere juridicamente a Ria para ajudar a facilitar projectos».Uma certeza tem Paulo Reis: «esta Ria não serve porque, actualmente, dá uma má imagem a Aveiro. As pessoas que tomam decisões têm de perceber que Aveiro é capital de distrito e é a única do litoral português que não tem um Porto de Recreio. Isto é uma realidade triste». Mas a gravidade da situação chega ao ponto de «na informação de roteiro da costa portuguesa, quando se refere à Ria de Aveiro, avisa-se os navegantes para o perigo que é cá entrar e chega-se ao ponto de se pedir por favor para não entrarem na Ria de Aveiro. Os que cá entram, fazem-no num espírito de aventura».Confiança ou… Mesmo assim, Paulo Reis mostra-se confiante em relação ao futuro: «O projecto que apresentámos, durante a discussão do Programa Polis, não foi dado válido, mas continua a ser um projecto com sentido e estamos abertos a que possa ser reformulado em função da alteração que vai existir no Plano Director Municipal para a zona da antiga Lota. Já falámos com o actual presidente da Câmara, Élio Maia, que ficou a conhecer a realidade e prometeu empenhar-se em conjunto com a AVELA».«A construção de um Porto de Recreio não é um problema da AVELA, mas da própria cidade de Aveiro. A nossa opinião é que a Câmara de Aveiro assuma, neste processo, um papel de promotora e moderadora do projecto. Porque a grande questão reside no licenciamento», diz Paulo Reis. Enquanto isso, «Aveiro vai continuar de fora dos grandes eventos, como o Rally de Portugal, que este ano saiu de Inglaterra, passou por França, Espanha, Póvoa do Varzim, Figueira-da-Foz, Lisboa, tendo terminado em Lagos. Ficámos de fora, também, da Volta a Portugal em Vela e do Eixo Atlântico».…
Para a AVELA chegou a hora de dizer basta. «Dizer que Aveiro é uma cidade de água e não só de construções de cimento, onde se edificam elefantes brancos como o Estádio Municipal que é um ónus de despesa». Paulo Reis assume que a «Ria traz retorno financeiro à autarquia. Temos cerca de seis mil embarcações registadas, que pagam o respectivo imposto à Câmara de Aveiro. Muitos dos nossos sócios foram obrigados a colocar as suas embarcações na Póvoa do Varzim e na Figueira-da-Foz, a preços exorbitantes, porque Aveiro não tem o seu Porto de Recreio», lamenta o dirigente.«Assim é impossível o desenvolvimento dos clubes», refere Paulo Reis, para quem «seria bom que os responsáveis percebessem que está aqui, na vela, uma mais-valia para os próximos anos. Veja-se o exemplo do Algarve, que se desenvolveu com o turismo, com os Portos de Recreio. Aqui, deixa-se que a Ria morra devagarinho».E a paciência dos amantes da Vela revela-se pelas últimas palavras de Paulo Reis: «Atingimos o limite e, ou deixamos as palavras e passamos ao trabalho, ou então admitimos sair do concelho de Aveiro. A AVELA compreende que a Câmara de Aveiro não tenha dinheiro, mas ao menos deve permitir que os clubes possam investir em parcerias». (Diário de Aveiro)

quarta-feira, julho 12, 2006

Hidrocussão

Já lhe aconteceu entrar na água, depois de algum tempo exposto ao Sol, e ficar tonto? Sentir como que tivesse perdido o chão? Caso a resposta seja afirmativa, poderá ter experimentado o início de uma hidrocução (ou hidrocussão), uma palavra não muito simpática definida como uma síncope repentina, em consequência da qual o banhista submerge e afoga-se.
Esse desmaio deve-se à diferença térmica entre o corpo quente e a água gelada. Provoca hipotensão e uma bradicardia (desaceleração dos batimentos cardíacos), o que se pode traduzir numa total paragem cardio-respiratória. Um dos problemas da hidrocução é que não há muito que os primeiros socorros possam fazer, a não ser que a vítima não tenha chegado a submergir, ou então tenha sido retirada da água a tempo de ser salva por respiração artificial. Por isso, o melhor é mesmo prevenir a hidrocução através de três medidas:
1. Evitar a exposição prolongada ao Sol antes de tomar banho.
2. Entrar na água aos poucos, deixando que o corpo se habitue à temperatura da água.
3. Não ingerir bebidas alcoólicas antes de tomar banho (devido aos efeitos fisiológicos do álcool).
Existem ainda vários sinais de alarme que podem ser detectados pela própria pessoa. Caso observe alguma das seguintes reacções, saia imediatamente da água:
1. Tremuras
2. Arrepios
3. Sensações de angústia
4. Cansaço intenso
5. Vertigens6. Náuseas
7. Distúrbios visuais
8. Distúrbios auditivos
9. Cãibras
Há mar e mar, há ir e voltar...

segunda-feira, julho 10, 2006

Para quando um "Alcaide" ?

Começam a ser regulares os ajuntamentos de embarcações de velame na Baía de São Jacinto em cada fim-de-semana que aparece. Tratam-se de ajuntamentos do tipo "concentração de motas" ou autocaravanismo selvagem, na melhor vertente do "Nacional Porreirismo". Cada um tenta fazer um petisco melhor que o vizinho, fugir a todas as formalidades da vida, escorrer nectares de categoria, decidir o mundo e a lua, etc, etc.
Não sei o rumo que as coisas poderão tomar, mas arriscamo-nos um dia destes a tornar "Quim Barreiros" em presença musical assídua, estimular (ainda mais) o uso do palavrão, fazer um avançado na embarcação em busca de maior conforto, promover o uso obrigatório do fogareiro de brasas, e no final, com um gostinho lusitano - soltar um bom arroto de quem tem o estômago ensopadamente satisfeito.
Alegra-me este espírito, e cultivar esta performance "TUGA" não é mais que a nossa obrigação, pois as tradições não se encerram num rancho folclórico ou numa procissão cristã. É bom ver estes "pipos flutuantes", atrelados uns aos outros de forma aleatóriamente emparelhada, fazendo lembrar aos troncos de madeira que outrora desciam os rios em busca de uma represa qualquer na vizinhança da serração.
Talvez este aglomerado urbano, seja a tão famigerada "Marina da Barra" em plena Ria de Aveiro, que ora burocraticamente teima em avançar, ora politicamente galopa a passos largos. Uma Marina da Barra sem alicerces nem betão, mas com quilhas (não é conquilhas) e fibra de vidro.
Julgo que com o esforço de cada um, em conseguir juntar outra, outra e mais outra embarcação às existentes, poderemos a breve trecho formar um bairro, uma aldeia lacustre e quiçá uma freguesia flutuante.
Era bonito. Sim era bonito, uma daquelas freguesias encravadas entre os concelhos de Aveiro e Ilhavo com urna de voto, onde democraticamente de tempos a tempos elegeríamos um “Alcaide” para defender os nossos interesses e reivindicar os nossos direitos adquiridos.
Começo a imaginar o nosso "Alcaide" a exigir patrulhamento da área, recolha de lixo, ocupação de tempos livres para as crianças e a presença de 8 em 8 horas de vendededor ambulante para abastecer de víveres os famintos eleitores. E porque não, por ordem do "Alcaide" acabar já com a carreira fluvial para São Jacinto que tanto perturba os moradores, dado as ondas e marolas que produz ?

sexta-feira, julho 07, 2006

Piratas das Caraíbas


Desde o dia 5, que o Museu de cera britânico Madame Tussauds tem em exibição uma peça especial de corrida. Nem mais nem menos que o Capitão Jack Sparrow (na foto), personagem pilar dos "Piratas das Caraíbas" protagonizado Johnny Depp. Este boneco (de cera) faz parte integrante duma atracção interactiva centrada no tema do filme. O Museu da Cera abre diariamente das 9 da manhã às 5 da tarde e uma entrada para adulto custa 24 libras. Adivinha-se que será complicado para estacionar.

Lacraia ou Peixe-aranha

É a ira dos pescadores e/ou o terror dos banhistas. Com um tamanho insignificante para os efeitos que provoca, aparece com frequência em certas praias muito utilizadas por banhistas e provoca o desespero dos pescadores, que não têm outra solução que não seja devolvê-lo às águas. De que falamos? De um bichinho que dá pelo nome de peixe-aranha.
Medindo entre 10 a 20 centímetros de comprimento, tem uma cor amarelo-acastanhada no dorso e esbranquiçada no ventre, e os seus olhos estão colocados na parte superior da cabeça. Junto de cada opérculo branquial possui um espinho venenoso e três dos raios da primeira barbatana dorsal também são venenosos. É a cor preta desta barbatana que mais facilmente o identifica. A sua picada pode provocar dores intensíssimas. Vive normalmente afastado das praias. mas aparece, de vez em quando, enterrado na areia a poucos centímetros de profundidade. São estas as alturas que escolhe para atacar o banhista desprevenido. Este peixe é mais comum nas praias Algarvias durante a baixa-mar.

Primeiros Socorros
Os primeiros socorros a aplicar no veraneante picado por um peixe-aranha são para lhe aliviar a dor. O tratamento por calor é aconselhado, visto o veneno destes peixes ser termolábil, isto é, decompõe-se sob a acção do calor. A imersão da zona afectada em água à temperatura máxima suportável, ou mesmo a aproximação de um cigarro aceso à menor distância possível, podem ser soluções a aplicar durante a primeira meia hora. Depois de já ter passado algum tempo, o médico poderá receitar analgésicos ou mesmo injecções locais, que atenuarão a dor a farão esquecer o trágico momento da picadela por um animal que não gosta de ser incomodado...

quarta-feira, julho 05, 2006

Praia Limpa

Uma das razões para a sujidade dos areais das praias é o "efeito bola de neve" (que não se devia manifestar no Verão, mas manifesta) - alguém deita um pauzinho de gelado para a areia, como já lá está um pauzinho de gelado alguém deita o papel da pastilha elástica e inicia-se a espiral imparável de lixo.
Imparável? Não! Podemos contrariar tudo isto: quando for à praia, deixe-a não tão limpa como a encontrou mas MAIS LIMPA. Faça questão de recolher algum objecto da areia (nem que seja só um pauzinho de gelado) e de o deitar no caixote do lixo. Ensine os seus filhos a fazer o mesmo. Transforme o hábito num jogo.
A praia ganha certamente mais encanto com este tipo de acções. Uma imagem é melhor que mil palavras.

terça-feira, julho 04, 2006

Born on 4th of July

Raramente escrevo algo que não seja sobre náutica (ou relacionados), no entanto durante o dia de ontem, ocorreu-me à memória "uma triste novela", que julguei não ser demais partilhar com quem me ouve.
No final da tarde de ontem, fui a Aveiro com o propósito de comprar uma pequena "prenda" para o meu filho, que completa hoje 5 anos. É um dos nascidos a 4 de Julho, no entanto não é sobrinho do Tio Sam, mas sim 100% Tuga.
Lembrei-me então de uma história decorrida nos territórios ocupados por Israel, quando um pai (tal como eu) decidiu também ir comprar uma prenda para um filho (tal como o meu) também ele aniversariante. Estava na hora errada no local errado, e a prenda resumiu-se a meia-dúzia de balas israelitas.

Muhammed al-Durrah, um rapaz palestiniano de 12 anos, saiu de casa de manhã na companhia do pai, Jamal al-Durrah, para ir comprar um brinquedo. No regresso a casa, foram surpreendidos por um tiroteio entre palestinianos e islarelitas. Tentaram proteger-se atrás de um cilindro de cimento. O tiroteio durou 45 minutos, 27 dos quais foram filmados pela estação de televisão francesa France 2. Muhammed foi alvejado pelas balas dos israelitas e morreu. O pai sobreviveu. A mãe de Muhammed assistiu, em casa, à morte do filho. Foi no dia 30 de Setembro de 2000.
Às vezes lamentamo-nos da vida, do local onde vivemos e indignamo-nos com uma facilidade tremenda sobre questões mesquinhas da vida.